Biografia
Charles Leclerc nasceu no dia 16 de outubro de 1997 no bairro de Monte Carlo, principado de Mônaco. É filho de pai monegasco descendente de franceses e italianos e mãe italiana, sendo o segundo dos três filhos do casal. Seu pai, Hervé Leclerc (1963-2017), era dono de uma fábrica de kart no sul da França, e sua mãe, Pascale Leclerc (Pascale Manni antes de se casar), é cabeleireira e nativa da Ligúria, província no norte da Itália, e se naturalizou monegasca após o casamento. Charles tem um irmão cinco anos mais velho, Lorenzo, formado em Administração e Finanças pela Universidade Internacional de Mônaco, e um irmão dois anos mais novo, Arthur (nascido em 14 de outubro de 2000). Seu padrinho era Jules Bianchi (1989-2014), que era afilhado de Hervé e apenas oito anos mais velho que Charles.

Charles Leclerc bebê e seu pai, Hervé Leclerc. (Foto: Instagram) [1]

Charles (à direta) e seus dois irmãos: Lorenzo e Arthur (no colo). (Foto: Instagram) [1]
Hervé Leclerc havia sido piloto de kart e de monoposto na juventude, porém sua carreira no automobilismo não passou disso. Seus três filhos herdaram o gosto por automobilismo e Charles iniciou sua carreira no kart em 2005, aos 7 anos, tendo resultados impressionantes. Logo no ano de estreia, foi campeão do Campeonato Francês de PACA (sigla para Provence-Alpes-Côte d’Azur, província localizada no sul da França) e repetiu a conquista em 2006 e 2008. Nessa mesma época, foi vencedor do Troféu Claude Sec. Em 2009, venceu o Campeonato Francês na categoria cadete, quebrando o recorde de mais jovem campeão do torneio. No mesmo ano, conquistou o título da Copa Bridgestone, do Troféu Valentinois e do Campeonato de Rhône Alpes. Um ano depois, já na categoria KF3 (para pilotos entre 11 e 15 anos), tornou-se o mais jovem campeão da Copa Júnior de Kart de Mônaco (Junior Monaco Kart Cup), com um carro de chassi Sodi, motor Parilla e pneus Dunlop, o mais jovem vice-campeão do Campeonato Francês Minime, com 186 pontos, e o mais jovem campeão da Copa de Kart de Mônaco KF3 (Monaco Kart Cup KF3), superando pilotos como Pierre Gasly, Alexander Albon e Anthoine Hubert. Ainda em 2010, Leclerc foi o quinto colocado do CIK-FIA Karting Academy Trophy, com 59 pontos, em um kart Parolin e ficou em 18º lugar na 15th Winter Cup – KF3, em um kart Maranello.

Leclerc no kart ao lado de seu padrinho, Jules Bianchi. (Foto: Instagram) [3]

Leclerc vencendo a Monaco Kart Cup KF3 em 2010, com Dennis Olsen em segundo e Pierre Gasly em terceiro. (Foto: Site oficial de Charles Leclerc) [4]
Em 2011, Leclerc foi apadrinhado por Nicolas Todt, filho do presidente da FIA (Federação Internacional do Automobilismo) Jean Todt. Naquele ano, o piloto teve três grandes conquistas: quebrou o recorde de mais jovem campeão da CIK-FIA KF3 World Cup, foi vencedor do CIK-FIA Academy Trophy (com 253 pontos) e da ERDF Master Kart Paris-Bercy (ERDF Junior Kart Masters). Ainda em 2011, ele foi o vice-campeão da WSK Final Cup, 15º colocado da WSK Master Series, oitavo colocado da 16ª Winter Cup, 43º colocado no Rotax Max Euro Challenge (com 53 pontos) e 23º colocado na WSK Euro Series (com 7 pontos).
No ano seguinte, Charles subiu para a categoria KF2 e juntou-se à equipe ART Grand Prix. Participando de 10 competições, seu melhor resultado do ano foi a conquista do título da WSK Euro Series, com 232 pontos, tornando-se o mais jovem vencedor da competição. Leclerc foi vice-campeão do CIK-FIA European KF2 Championship, com 42 pontos, e do CIK-FIA Under 18 World Karting Championship, com 162 pontos. Foi quinto colocado na WSK Final Cup KF2 e na CIK-FIA World Cup KS2, quarto colocado na MG Tires SKUSA SuperNationals XVI, 20º na WSK Master Series, 18º no Campeonato Francês KF2, sétimo no Troféu Andrea Margutti e 25º na 17º Winter Cup – KF2.
Em 2013, Leclerc fez seu último ano no kart, participando de cinco competições. Na categoria KZ2, venceu a South Garda Winter Cup e foi o quarto colocado na WSK Master Series, com 109 pontos. Na categoria KZ, foi vice-campeão do CIK-FIA World Championship, 12º colocado na WSK Euro Series (com 30 pontos) e sexto colocado no CIK-FIA European Championship, com 20 pontos.

Leclerc em 2013, seu último ano no kart. (Foto: Site oficial de Charles Leclerc) [5]
Em 2014, Charles ingressou nas corridas de monoposto e se juntou à equipe Fortec Motorsports para competir na Formula Renault 2.0 Alps. Ele teve sete pódios, incluindo duas vitórias em Monza, três segundos lugares (um em Pau e dois em Mugello) e dois terceiros lugares em Spa-Francorchamps. Também conseguiu a pole position na segunda corrida em Monza. Somando 199 pontos, ele foi o vice-campeão do torneio e vencedor do campeonato de juniores, com 249 pontos. Correndo como convidado da Fortec na Eurocup Formula Renault 2.0, Leclerc participou de seis corridas (duas em Spa-Francorchamps, duas em Nürburgring e duas em Hungaroring). Por ser convidado, ele estava inelegível por pontos, no entanto teve três pódios consecutivos, chegando em segundo lugar na última corrida em Nürburgring e nas duas em Hungaroring.

Leclerc correndo pela Fortec Motorsports na Formula Renault 2.0 Alps de 2014. (Foto: Motorsport) [6]
Porém, nem tudo em 2014 foi bom para Charles. No dia 17 de julho, durante o Grande Prêmio do Japão de Fórmula 1, Jules Bianchi morreu após bater seu carro no guindaste que retirava o carro de Adrian Sutil da pista. As fortes chuvas trazidas pelo tufão Phanfone dificultavam a visão dos pilotos, gerando um grande debate sobre se era seguro realizar a prova naquelas condições. Bianchi foi uma das vítimas indiretas do tufão*. O trágico acidente, o último a ocorrer na Fórmula 1 até hoje, deixou um grande legado sobre segurança, levando à decisão da Fórmula 1 de cancelar os treinos programados para sábado para o Grande Prêmio do Japão de 2019, quando o tufão Hagibis atingiu o país. A perda do padrinho foi a primeira de três perdas importantes na vida de Leclerc.
(*Nota: São chamadas vítimas indiretas de um tufão/furacão/ciclone os óbitos cuja causa está relacionada indiretamente à tempestade)
Em 2015, Charles competiu na Fórmula 3 Europeia com a equipe Van Amsterfoot Racing, a mesma de Max Verstappen no ano anterior. Seus resultados foram brilhantes: 13 pódios (quatro vitórias, três segundos lugares e cinco terceiros lugares), três pole positions, cinco voltas mais rápidas e 363.5 pontos. Terminou a competição no quarto lugar e foi vencedor do campeonato de estreantes, com 533.5 pontos. Ainda naquele ano, foi o segundo colocado no Grande Prêmio de Macau.

Leclerc com alguns de seus troféus da Fórmula 3 Europeia de 2015. (Foto: Sportskeeda) [7]

Charles Leclerc com a taça de segundo colocado do Grande Prêmio de Macau de 2015 (Foto: LAT Images) [8]
No ano seguinte, Leclerc foi contratado como piloto de testes de duas equipes da Fórmula 1: Haas e Ferrari. Ainda com a ART Grand Prix, ele participou da GP3 Series e foi o grande campeão com 202 pontos, oito pódios (três vitórias, um segundo lugar e quatro terceiros lugares), quatro pole positions e quatro voltas mais rápidas.

Charles em sua primeira vitória na GP3 de 2015, na Espanha. Jake Hughes foi o segundo colocado e Nirei Fukuzumi foi o terceiro. (Foto: Ferrari) [9]
Em 2017, Leclerc se juntou à Prema Powerteam, uma grande escuderia que havia revelado talentos como Lance Stroll e Esteban Ocon, para correr na Fórmula 2. Seu companheiro de equipe foi o italiano Antonio Fuocco. Charles começou muito bem o torneio, com três pódios consecutivos (um terceiro lugar e duas vitórias) e três pole positions consecutivas. Em seguida, teve um quarto lugar na Espanha e dois abandonos em Mônaco (no entanto, por ter completado mais de 90% da última corrida, foi classificado em 18º lugar). Durante a competição, o jovem piloto sofre sua segunda maior perda: Hervé Leclerc faleceu no dia 20 de junho, antes da etapa de Baku da Fórmula 2, após passar meses internado devido a vários problemas de saúde. Segundo o site Beyond the Flag, Charles havia contado uma mentira a seu pai enquanto este esteve no hospital: que ele havia assinado um contrato com uma equipe de Fórmula 1 para 2018 (a verdade é que isso somente ocorreu meses depois). A morte do pai mexeu com Leclerc, porém ele conseguiu vencer a primeira corrida em Baku. Seu pior resultado na competição foi a desclassificação da primeira corrida em Spa-Francorchamps devido a irregularidades em seu carro. Foi o campeão da Fórmula 2 com 282 pontos, 11 pódios (sete vitórias, dois segundos lugares e um terceiro lugar), oito pole positions e quatro voltas mais rápidas. Naquele mesmo ano, atuou como piloto de teste da Ferrari e da Sauber.

Charles com seu troféu de campeão da Fórmula 2 de 2017. (Foto: Youtube) [10]
No ano seguinte, Leclerc foi contratado pela Sauber (já sob o nome de Alpha Romeo Sauber) para competir na Fórmula 1 ao lado do sueco Marcus Ericsson. A decisão da equipe em substituir o alemão Pascal Wehrlein foi polêmica, já que Wehrlein teve resultados melhores que Ericsson (que foi o único piloto de 2017 a terminar o ano sem pontuar). Sua estreia ocorreu no Grande Prêmio da Austrália de 2018, quando Charles tinha 20 anos, e terminou a corrida em 13º lugar. Após três chegadas fora da zona de pontuação, seus primeiros pontos (oito no total) vieram com o sexto lugar no Grande Prêmio do Azerbaijão. Durante o campeonato, Leclerc pontuou em 10 ocasiões e teve cinco abandonos. Terminou seu ano de estreia com 39 pontos, 30 a mais que Ericsson. Apesar de seu ano de estreia ter tido resultados inferiores comparado aos anos de estreia de pilotos como Max Verstappen e Lance Stroll, o diretor executivo da Ferrari, Sergio Marchionne, escolheu Leclerc para substituir Kimi Raikkonen como o segundo piloto da Ferrari em 2019.

Anúncio de Charles Leclerc e Marcus Ericsson como pilotos da Alpha Romeo Sauber para 2018 na Fórmula 1. (Foto: Sky Sports) [11]

Charles Leclerc com a Alpha Romeo Sauber em sua estreia na Fórmula 1 no GP da Austrália em 2018. Ao seu lado está Kimi Raikkonen, correndo pela Ferrari. (Foto: William West – Getty Images) [12]
Com a Ferrari, Charles teve um começo de ano um pouco frustrante. Logo na primeira corrida de 2019, na Austrália, ele estava com um ritmo de corrida melhor que o de seu companheiro Sebastian Vettel, no entanto, a equipe não permitiu que ele o ultrapassasse e deu a ordem para que ele ficasse a uma boa distância do alemão. Na segunda corrida, no Bahrein, ele conseguiu sua primeira pole position, dedicando-a a seu pai e padrinho falecidos. Porém, falhas no carro permitiram que os pilotos da Mercedes, Lewis Hamilton e Valtteri Bottas, o ultrapassassem. O safety car preveniu que Max Verstappen o ultrapassasse também e Charles terminou a corrida em terceiro lugar, sob os cumprimentos e elogios de Lewis Hamilton. Na terceira corrida, na China, a equipe mais uma vez dá ordens a Leclerc para que ele não ultrapassasse Vettel. As coisas passaram a melhorar a partir do Grande Prêmio do Canadá, o qual terminou em terceiro lugar. Sua primeira vitória veio no Grande Prêmio da Bélgica, o qual também havia começado na pole position. No entanto, no dia anterior a essa prova, Charles sofreu mais uma perda: seu amigo Anthoine Hubert havia sofrido um trágico acidente durante uma corrida da Fórmula 2 e faleceu aos 22 anos. Semanas depois, venceu o Grande Prêmio da Itália. Leclerc dedicou sua primeira vitória a ele. Charles encerrou 2019 com 264 pontos e 10 pódios, incluindo duas vitórias, dois segundos lugares e seis terceiros lugares, conquistando a quarta posição do campeonato. Também foi o piloto com o maior número de pole positions no ano, totalizando sete vezes.

Leclerc após conquistar sua primeira pole position da carreira durante a classificação para o GP do Bahrein de 2019. (Foto: AP) [13]

Primeira vitória de Leclerc na Fórmula 1, no GP da Bélgica de 2019. Lewis Hamilton foi o segundo colocado e Valtteri Bottas foi o terceiro. (Foto: Motorsport Images) [14]

Charge do The Racing Track parabenizando Leclerc por sua primeira vitória na Fórmula 1. [15]
Fontes
Fotos
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